Uma das coisas que mais ouço de clientes em prospecção é: “Compliance  é um investimento caro”. A segunda: “Programas de Integridade servem apenas para grandes empresas, não para a minha”. A terceira: “A minha empresa é familiar, somos sérios e éticos e portanto nunca teremos problemas que justifiquem implementar um Programa de Compliance”.

Agora, com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados, ouço praticamente essas mesmas frases, porém como justificativa para não investir na adequação da empresa para o correto tratamento de dados.

É assustadoramente comum que os empresários, de modo geral não consigam ainda enxergar valor no Programa de Compliance, e percebam essa ferramenta apenas como um “custo desnecessário” ou uma “perfumaria” cara.

Talvez a mística de que implementar um Programa de Integridade seja caríssimo e quase inatingível para os pequenos e médios empresários, seja culpa do próprio profissional de compliance, que vende essa ferramenta como algo extremamente complexo e portanto, caro.

A verdade é que implementar um Programa de Compliance é tão difícil como qualquer ferramenta de qualidade ou processo. A complexidade da implementação está diretamente relacionada à complexidade da empresa, sendo que os princípios e as etapas são as mesmas para qualquer tamanho de organização.

A grande desafio é conseguir com que os empresários enxerguem valor nessa ferramenta, e não considerá-la como somente um custo ou investimento que não traria o retorno esperado.

Ironicamente, um dos maiores benefícios do Programa de Compliance é justamente a redução de custos.

Faça a seguinte análise: Quanto a sua empresa gastou com contencioso trabalhista, consumidor, contratual e administrativo neste ano? Quanto a sua empresa gasta ou gastaria para recuperar a imagem da marca? Quanto você gastou os gastaria para se defender ou defender a sua empresa em processo criminal advindo de suspeitas de corrupção?

Esta é a avaliação financeira que deve ser feita. Se o custo para remediar esses problemas for menor do que investir em prevenção através do Compliance, tudo bem em não aderir ao Programa. O problema é que o custo de remediar nunca é menor do que o de prevenir!

Mesmo que você não tenha tido nenhum problema reputacional ou nenhum contencioso neste ano, você deve se perguntar: Qual o impacto financeiro para a minha empresa se ele tivesse qualquer um dos problemas listas a cima? E quanto custaria para remediá-lo e quanto custaria para preveni-los?

Nunca é demais lembrar que o meu objetivo com a produção de conteúdo é falar para pequenos e médios empresários. Os meus textos não tem o objetivo de impactar grandes empresas, que  provavelmente já estão investindo em Compliance a mais tempo.

Dito isso, eu costumo referir aos meus clientes que eles não são multinacionais, não são gigantes da área de tecnologia, e portanto não irão gastar milhares de reais para implementar um Programa de Integridade eficaz, e que muito provavelmente eles já tenham algumas práticas implementadas, bastando alguns ajustes para que se tornem os seus processos blindados contra os riscos inerentes ao próprio negócio.

Não há mais desculpas para não estar em Compliance. A ferramenta, está literalmente ao alcance de todos, uma vez que há muito conteúdo de qualidade na internet, inclusive disponibilizados nos canais oficiais do governo, que guiam os empresários e incentivam a adotarem Programas de Integridade.

 Quando eu ouço um empresário dizendo que não estar em Compliance pois acha caro, eu na verdade escuto “Não me importo de gastar mais para remediar o problema quando e se ele surgir.”

Para mim, que afinal de contas também sou empresário, essa matemática não faz nenhum sentido. E para você, faz?