Segundo dados do IBGE, 90% das empresas brasileiras são familiares. No entanto, segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) as empresas cumprem na média apenas 34% dos requisitos necessários para implementar a Boa Governança Corporativa.

A Governança Corporativa representa um conjunto de ferramentas de melhores práticas de gestão, dentre elas o Compliance, onde se busca como objetivo principal a otimização dos resultados da empresa, mas que estejam alinhadas aos interesses de todas as partes interessadas (sócios, acionistas, clientes, empregados, fornecedores, credores e sociedade).

Os princípios que regem a Boa Governança são os seguintes:

Prestação de contas: Consiste na emissão periódica de relatórios que demonstrem o desempenho da administração da empresa. Deve demonstrar dentre outras coisas, a estruturação de remuneração dos administradores, para se certificar que não haja conflito de interesses entre a administração e o melhor resultado par a organização. É preciso definir nos controles internos o fluxo de informação entre as diversas cadeias de gestão na empresa, para que todos recebam as informações pertinentes em diversos níveis organizacional.

Transparência: A alta direção da empresa deve manter e incentivar uma cultura de informação e boa comunicação entre todas as partes interessadas. Todos os controles internos devem ser evidenciados por documentos que devem estar a disposição de auditores internos e externos. Nada deve ser escondido ou “mascarado” sob pena de se ter uma leitura errada da situação da empresa, além de acarretar em prováveis sanções administrativas ou judiciais.

Equidade: Não importa quantas quotas de participação tem um sócio ou quantas ações detém um acionista, todos devem ser tratados de forma igual. A regra do jogo deve ser aplicada a todos. Não pode haver discriminação ou privilégios entre sócios ou acionistas. Da mesma forma a empresa deve criar regras que impeçam o uso de informação privilegiada contra os interesses da própria organização. É de se dizer que a maioria dos conflitos que surgem entre sócios é pela falta de regras claras que delimitem a equidade entre eles, ficando a sensação (falsa ou não) de que alguns sócios estão sempre em vantagem sobre outros.

Responsabilidade Corporativa: Na Boa Governança, as responsabilidades de cada um estão definidas e registradas em documentos, principalmente quanto aos deveres de compliance de cada diretor, sócio, conselho e comitê definido pela organização. É comum, nas empresas familiares, os sócios definirem suas responsabilidades de maneira informal, e ao longo da existência da empresa alguns acumulem funções e responsabilidade, o que pode causar a sensação de que um sócio está com mais atribuições do que outro, causando uma insatisfação ou desconforto.

No entanto, a Responsabilidade Corporativa vai muito além de determinar responsabilidades administrativas entre a alta direção, mas versa principalmente sobre a obrigação de zelo pela sustentabilidade da organização a longo prazo, regendo os seus negócios com ética e compromisso com a sociedade.

Infelizmente, não são todas as empresas que priorizam as boas práticas de gestão proporcionadas pela Governança.  Muitas delas sequer tem qualquer resquício de Governança, submetendo a empresa a conceitos de gestão quase amadores, o que acaba refletindo quase sempre em um mal desempenho.

E quando há algum bom desempenho, esse é de curtíssimo prazo, pois não se sustenta por muito tempo.

Aliás, um grande problema que a Governança Corporativa resolve é a questão sucessória em empresa familiares. Na falta do fundador(a), quem assume a direção da empresa?

Assim, é primordial que as empresas de Pequeno e Médio Porte adotem o quanto antes práticas de Governança ao seu negócio. A exemplo do Programa de Compliance, a Governança Corporativa não é coisa apenas de grandes empresas Multinacionais ou Nacionais, devendo ser aplicada em qualquer empresa, independentemente do seu tamanho ou complexidade.

A Boa Governança Corporativa é instrumento essencial para quem quer promover a longevidade do seu negócio e preparar-se para qualquer desafio imposto pelo próprio mercado, conduzindo a organização para um futuro promissor e sustentável.