Todos sabem, há tempos a nossa economia não anda bem. E não só em razão da pandemia de 2020/2021, mas também pela incompetência dos governantes em dar direção e sustentabilidade para o país, que mergulhado em um caos institucional, parece não ter forças para reagir ao cenário atual.
As Pequenas Empresas são as que mais sofrem, pois apesar de serem as maiores geradoras de emprego e a força motriz da nossa economia, ainda assim são geridas muitas vezes de forma amadora, e não estão preparadas para os reveses de um mercado cada vez mais instável.
Por essa razão, apenas os empresários com capacidade de gestão sobrevivem aos períodos de instabilidade, tal qual estamos vivenciando nesses tempos sombrios. Sem a gestão, sem o planejamento estratégico como diferencial os empreendimentos estão fadados a não prosperar.
E onde entra o Compliance neste cenário de caos econômico?
Uma vez que o Programa de Compliance é um sistema de gestão, com o objetivo principal de combater fraudes e minimizar perdas, que sempre em última análise são de ordem financeira, aplicar essa ferramenta em uma organização é essencial para a perpetuidade do negócio.
É que em se tratando de Pequenas Empresas, qualquer perda financeira acaba tendo um enorme impacto, comprometendo a operação e colocando em risco a continuidade do negócio, não havendo assim muito espaço para equívocos.
É incompreensível que hoje em dia os empresários enxerguem o Compliance como “uma modinha” ou ainda que não encontrem valor na ferramenta, ignorando a sua relevância para todos os tipos e tamanhos de empreendimentos.
Não! O Compliance hoje pode fazer a diferença entre o encerramento ou a continuidade de uma organização. Só o fato da implementação do Programa de Compliance , ter como um dos pilares o fortalecimento da gestão de riscos, já vale a pena investir.
Além de incentivar um ambiente de negócios mais ético e transparente, o Compliance tem como missão a blindagem da empresa contra fatos danosos que acabam invariavelmente convergindo para perdas financeiras.
Outra razão para as Pequenas Empresas adequarem a sua gestão ao Compliance, é que estar em conformidade reflete diretamente na diminuição de contencioso no âmbito judicial, já que litigar é quase sempre razão para frustração dos empresários, pois cada vez mais o Poder Judiciário se mostra insuficiente para o alcance dos interesses dos cidadãos, muito embora será sempre indispensável para a proteção da democracia.
Por outro lado, com a proliferação de empresas consultoras, implementar um Programa d Compliance está mais acessível para todos os bolsos e necessidades, sendo que o preço para a implementação não pode mais servir como desculpa para a não adequação.
Mesmo porque somente a redução de custos com a mitigação e prevenção de riscos e contencioso administrativo e judicial, por si já garantem que o investimento em Compliance compensa. Sem contar que manter o seu negócio em conformidade, agrega valor perante os clientes e parceiros de negócio, e ainda serve como um diferencial na oferta de produtos e serviços.
Cada vez mais as pessoas irão preferir fazer negócio com empresas éticas.
É razoável dizer que um Programa de Compliance é necessário para todos os tipos de negócios (lícitos, por óbvio) mas muito mais necessário para as Pequenas Empresas, já que para essas não espaço para falhas catastróficas capazes de extinguir o empreendimento.
Sempre pergunto aos meus clientes, principalmente para aqueles em prospecção: – A sua empresa sobreviveria a um dano reputacional igual ao do Carrefour, por exemplo? (caso de racismo, morte de funcionário e maus tratos de animais). Todos sem exceção, respondem que o negócio não sobreviveria a nenhum caso de dano reputacional, pois isso acarretaria o encerramento da empresa.
Então, qual a razão para não fortalecer a integridade da sua empresa, já que existem ferramentas disponíveis para a blindagem do negócio, ainda mais que a lei autoriza e em muitos casos, exigem Programas de Integridade?
Para mim, a relevância do Compliance para Pequenas Empresas é contundente, já que os benefícios de adequar o negócio a legislação e ao alinhamento ético, além de verdadeiramente contribuir para uma sociedade livre de corrupção, ainda agrega diversas vantagens ao empreendimento, especialmente de ordem financeira, já que diminuir perdas também é uma maneira de obter resultado econômico.